O que são os modos verbais?
 



Dicas

O que são os modos verbais?

Neiva Tebaldi Gomes


No estudo dos verbos, faz-se distinção entre três modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo.

Os modos verbais correspondem a diferentes atitudes que um falante/enunciador pode assumir em relação àquilo que quer expressar ou representar. Assim, um fato verbal, em termos de probabilidade ou momento de ocorrência, pode ser apresentado como certo ou incerto; realizável ou irrealizável; duvidoso ou hipotético. O modo indicativo e o modo subjuntivo compreendem tempos verbais que permitem situar os fatos em diferentes intervalos de tempo; o imperativo, diferentemente dos dois primeiros, constitui-se de formas (afirmativo e negativo) invariáveis quanto ao tempo e é empregado para dar conta da função da conativa/apelativa da linguagem, utilizada em situações comunicativas direcionadas diretamente ao interlocutor.

Segue breve especificação de cada um dos modos.

1 - Indicativo (os tempos verbais do modo indicativo – presente, pretérito imperfeito, pretérito perfeito, pretérito mais que perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito – servem para expressar/representar fatos verbais assumidos pelo enunciador como certos). Exemplo:

Sentiu-se desiludido; não escolhera isso para aquele fim de ano.

Neste enunciado, os verbos “sentiu-se” e “escolhera” expressam fatos apresentados/narrados como certos. Trata-se do Modo Indicativo (respectivamente, pretérito perfeito e pretérito mais que perfeito).Vale lembrar que o pretérito mais que perfeito é mais utilizado em sua forma composta: não tinha/havia escolhido, em lugar de “escolhera”. O tempo simples é mais comum na escrita mais formal, mais especificamente na narrativa literária.



2 - Subjuntivo (os tempos verbais desse modo – presente, pretérito imperfeito e futuro – são empregados para expressar desejos, dúvidas, possibilidades, hipóteses, suposição). Exemplos: 

Esperamos que tudo ocorra de forma tranquila.
Se não há alguém que colha o testemunho, que escreva, alguém que fotografe, que deixe uma pista em um livro, é como se aqueles fatos não tivessem acontecido”.

No enunciado “a”, o enunciador assume uma atitude de incerteza quanto à possibilidade de realização de algo, expressando um desejo, apenas.  Por isso, o verbo foi empregado no presente do modo Subjuntivo (ocorra). Note-se que os tempos do modo subjuntivo (salvo em enunciados que expressam desejos, como em “Bons ventos te levem”) sempre aparecem em enunciados que contêm, no mínimo, outro verbo conjugado no modo indicativo. No enunciado em questão, é o verbo “esperamos”, flexionado no presente do indicativo. Ou seja, em enunciados com verbos no modo subjuntivo, há sempre uma correlação de tempos verbais. Neste caso, a correlação se estabelece entre o presente do indicativo (esperamos) e presente do subjuntivo (ocorra). A correlação de tempos também seria necessária se houvesse mudança de perspectiva, e o enunciado recebesse a seguinte formulação: Esperávamos que tudo ocorresse de forma tranquila. Neste caso, a correlação se estabeleceria entre o pretérito imperfeito do indicativo (esperávamos) e o pretérito imperfeito do subjuntivo (ocorresse). Note-se aqui que, com essa formulação, o enunciado ainda representaria a expressão de um desejo, mas apresentado, agora, sob uma perspectiva não mais realizável. São as sutilezas de sentido possíveis graças à grande variedade de formas verbais existentes na língua portuguesa.

No enunciado “b”, os verbos “colha”, “escreva”, “fotografe” e “deixe” (flexionados no presente do subjuntivo) vêm após a conjunção condicional SE. Trata-se, assim, de um enunciado que condiciona a existência de determinados fatos à realização de uma série de ações: colha, escreva, fotografe, deixe. Em outras palavras, o enunciador assume uma atitude de incerteza quanto à possibilidade de realização daquilo que quer expressar.

Quanto ao presente do subjuntivo, vale também destacar que há, na língua, estruturas cuja continuidade o exigem:

É provável que..., Desejo que..., É bom que..., Espero que..., Convém que..., Oxalá..., Talvez..., Ainda que..., Embora... e outras similares. Exemplos:

É provável que nada aconteça. É possível que tenhamos surpresas. Duvido que ela venha. É necessário que nos posicionemos. Convém que esqueçamos o ocorrido.

Resistiremos, ainda que todos assumam posições contrárias. Talvez haja outras possibilidades.



3 - Imperativo

Diferentemente das formas verbais do Indicativo e do Subjuntivo, que flexionam para situar os fatos em diferentes intervalos e perspectivas temporais, as formas de Imperativo (afirmativo e negativo) são invariáveis quanto ao tempo. O Imperativo é a forma verbal empregada para fazer pedidos, súplicas e exortações, dar ordens, conselhos, por isso seu uso é mais frequente em narrativas que contêm diálogo, em textos publicitários e de autoajuda, em manuais de instrução. Exemplos:

Diga logo o que você pensa, não espere ser instigado.

Oh, Deus, protegei-nos!

Não se mova!

Venha conhecer nosso empreendimento.

Tenha certeza, você vai conseguir!  

Observando os três modos verbais, percebe-se que os tempos do indicativo e do subjuntivo são empregados em todas as funções da linguagem, enquanto as formas do modo imperativo aparecem somente em usos em que o enunciador se dirige explicitamente ao interlocutor e este, com frequência, é nomeado com vocativo. Exemplo:

Oh, Deus, protegei-nos!

Senhora, aguarde sua vez, na fila, por favor!

 


Texto originalmente publicado no blog Scriptura e getilmente cedido pela autora

 

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